Política

Eleição se sabe como começa, mas não como termina

A frase atribuída ao ex-governador de Minas Gerais, Magalhães Pinto, parece cada vez mais verdadeira e evidente: “Política é como nuvem. Você olha, e ela está de um jeito. Olha de novo, e ela já mudou”.

Era 30 de abril de 2024, a 96 FM divulgou uma pesquisa do Instituto Agora Sei com o seguinte resultado: Carlos Eduardo com 44,1%; Natália Bonavides com 13,4%; Paulinho Freire – 6,6%; Rafael Motta – 4,6%.

Naquele instante, a vitória de Carlos Eduardo estava prevista e dada como certa ainda no primeiro turno. Mas o prefeito Álvaro Dias dizia sem pedir segredo a ninguém: “Carlos Eduardo não vai nem para o segundo turno, que será entre Paulinho e Natália”. Tinha quem achasse um delírio.

O próprio Carlos Eduardo tinha certeza de sua vitória. Conversou com vários partidos e lideranças. Esteve para ter o apoio de Paulinho, de José Agripino, do próprio Álvaro Dias, de Rafael Motta e de tantas outras lideranças. Terminou indo para a disputa sozinho, com um vice que ele próprio escolheu, com pouco tempo de TV em comparação aos adversários, e com o apoio de apenas um vereador candidato à reeleição: Luciano Nascimento.

Terminou o primeiro turno e o resultado foi o que todos já sabemos: Paulinho em primeiro lugar com 171.146 votos e Natália com 110.483 votos. Carlos Eduardo em terceiro com 93.013 votos e Rafael Motta com 12.535 votos.

Eis que chegou o segundo turno com o resultado sem surpresas já que o vencedor foi quem já venceu o primeiro turno: Paulinho Freire que obteve 222.661 votos (55,34%) contra 179.714 votos (44,66%) de Natália Bonavides. Uma disputa que teve clima de acirramento nos últimos dias.

Paulinho possui uma trajetória política de 42 anos, iniciada em 1992 como vereador pelo então PMDB, tendo sido seis vezes presidente da Câmara Municipal de Natal. Foi deputado estadual entre 2003 e 2006. Como vice-prefeito de Micarla, assumiu a Prefeitura entre 01 de novembro e 13 de dezembro de 2012. Em 2022, foi eleito deputado federal com 77.906 votos e agora é o prefeito eleito de Natal. Fora da política, Paulinho atuou como empresário, foi sócio da Destaque Promoções, empresa que fundou o Carnatal.

Ciente de todas as suas fragilidades, Paulinho buscou supri-las com uma grande aliança política para ganhar a eleição, a começar pela chegada fundamental do prefeito Álvaro Dias, que indicou Joanna Guerra de vice, depois o apoio do seu partido o União Brasil, através de José Agripino, os apoios dos senadores Styvenson e Rogério Marinho, a direita em seu palanque apenas com a dissidência de Gonçalves no primeiro turno, mais de 20 vereadores lhe apoiando, inclusive o presidente da Câmara Municipal, Eriko Jácome.

Agora, Paulinho tem o desafio de contemplar essa ampla aliança que lhe fez ganhar a eleição. Atender aos vários interesses e compromissos políticos assumidos, sem perder o foco da gestão.

Concorrente de Paulinho, a deputada federal Natália Bonavides (PT) surge como uma nova liderança da esquerda. Obteve uma votação nunca conquistada anteriormente pelo PT na capital. Não venceu a eleição, mas sai grande politicamente. É um nome no partido para pleitos futuros.

Está provado que política é circunstância e momento.

E ganha quem erra menos.

Heitor Gregório

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