Somente em 2025, o número de inscritos com 60 anos ou mais no Enem cresceu 72,7% em todo o país.
O número de ingressantes com mais de 60 anos na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) cresceu 944% nos últimos 20 anos. Em 2004, nove idosos entraram na graduação; em 2024, o número subiu para 94.
Entre os estudantes que completaram 60 anos durante o curso, o aumento foi de 37 para 125 no mesmo período, segundo levantamento da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd).
O Brasil passa por um processo acelerado de envelhecimento populacional, tendência que se reflete no Rio Grande do Norte. De acordo com o Censo 2022, a população brasileira com 60 anos ou mais chegou a 32,1 milhões, ou 15,6% do total. No estado, o índice de envelhecimento é de 53,05, o maior do Nordeste, indicando que há 53 pessoas com 65 anos ou mais para cada 100 crianças de até 14 anos.
Esse cenário é resultado do aumento da expectativa de vida e da queda na taxa de fecundidade do brasileiro. Com mais longevidade e melhor qualidade de vida, muitos idosos têm aproveitado para retomar projetos interrompidos, como cursos de graduação. A participação de pessoas com mais de 60 anos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) acompanha essa tendência.
Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o número de inscritos nessa faixa etária passou de 9.950 em 2024 para 17.192 em 2025, um crescimento de 72,7% em um ano entre os 4,3 milhões de candidatos.
Entre os cursos mais procurados pelos estudantes idosos na UFRN em 2024, estão História e Filosofia. Ciências e Tecnologia (C&T) também se destaca pelo interesse em novas tecnologias e inovações.
Fabiano do Espírito Santo Gomes, procurador educacional institucional da UFRN, afirma que “com o tempo mais livre, muitas vezes, eles podem acabar optando por esses cursos”.
Alguns exemplos ilustram essa tendência. Antonio Tavares, se formou em Engenharia Elétrica aos 67 anos e hoje, aos 81, relembra com entusiasmo sua trajetória acadêmica. “Nunca faltei a uma aula. Quando a gente quer aprender, não tem tempo ruim, não”, afirmou.