Até janeiro de 2024, número de eleitores de 16 a 17 anos cresceu 14,22% em relação ao último pleito municipal
O número de eleitores com idade menor que 18 anos, para os quais o voto é facultativo, cresceu em janeiro de 2024 e interrompeu uma sequência de queda em eleições municipais. A última atualização do portal de Estatísticas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de janeiro, mostra que o eleitorado com faixa etária de 16 a 17 anos aumentou 14,22% em comparação ao último pleito municipal.
A reversão foi iniciada em 2022, com crescimento de jovens eleitores acima de 51% na comparação com a última eleição geral. Desde 2018, as estatísticas do eleitorado brasileiro habilitado para votar mostram que o número de eleitoras e eleitores cresceu 6,21%, passando de 147 milhões para 156.454.011 pessoas nas Eleições 2022.
Para a cientista política e doutora pela Universidade de Brasília (UnB) Marcela Machado, o interesse dos jovens brasileiros pela disputa eleitoral pode ser justificado pelo recente histórico da política no país. “As pessoas entenderam que tudo é política. Então não dá para ficar isento”, explica a cientista.
“Falamos sobre política em todas as rodas. As pessoas estão muito mais conscientizadas de que a política é algo que toca a todo mundo, e muito dessa conscientização é por conta das redes sociais: vídeos, ações e linguagens mais palatáveis para atingir esse público”, acrescenta.
Jovem cidadão
A maior parcela de eleitores com 16 e 17 anos está em Tocantins – essa faixa etária corresponde a 0,14% (1.592) do eleitorado total do estado (1.122.933). Piauí (0,11%) e Paraíba (0,10%) ocupam o segundo e o terceiro lugares, respectivamente, mesmo com maiores números populacionais. No final da tabela, estão o Distrito Federal (0,015%), o Rio de Janeiro (0,022%) e São Paulo (0,027%).
O relacionamento dos jovens com a política tem forte relação com o “engajamento” do pleito. “Eleições municipais tratam de temas a nível local, que, às vezes, não se convertem em engajamento. Por conta justamente dessa característica ‘paroquial’ das eleições municipais, as disputas são travadas entre famílias, entre lado ‘a’ e lado ‘b’. Na eleição geral, a tônica é mais social, coletiva. Naturalmente, engaja mais pessoas”, detalha Marcela.
O interesse dos jovens também tem relação com a falta de conhecimento sobre o que faz um prefeito ou vereador, por exemplo. “Toca muito na questão da educação política. Jovens de 16 e 17 anos, se não sabem para que serve, qual é a função, o que vem de um vereador ou o que faz um prefeito, não se estimulam a participar daquele evento democrático”, completa a doutora.
Campanhas de incentivo
Parte desse crescimento da consciência cidadã dos jovens com o processo eleitoral pode ser atribuído às campanhas lançadas pelo TSE para convidar um e outro grupo etário a se alistar ou regularizar a situação cadastral antes do fechamento do cadastro eleitoral. Esse prazo, em 2022, foi até 4 de maio.
“O TSE aproveitou a oportunidade das redes sociais para informar esse público [com idade menor de 18 anos], de maneira mais incisiva, de que esse jovem eleitor é importante na política, com a mensagem clara: ‘Não deixe de participar’”, salienta a cientista política da UnB.
A campanha “Bora Votar!”, lançada em 2021, e a Semana do Jovem Eleitor, em 2022, mobilizaram toda a Justiça Eleitoral para incentivar adolescentes a partir de 16 anos incompletos – mas que já teriam essa idade em 2 de outubro – a tirarem o primeiro título.
Essas campanhas repercutiram na mídia do país e entre artistas, atletas, celebridades e influenciadores digitais, que emprestaram a sua voz para convencer o público a acessar a plataforma Título Net na página do TSE e apresentar os documentos necessários para se tornar uma eleitora ou um eleitor.
Um dos pontos altos dessa mobilização foi o tuitaço do dia 16 de março, que contou com a participação dos perfis no Twitter do TSE, dos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs), de diversos influenciadores digitais, de organizações da sociedade civil e de instituições públicas e privadas.
CA/LC, DM
TSE