"FELIZ ANO NOVO"

ADEUS ANO VELHO, FELIZ ANO NOVO: Réveillon marca fim de ciclo e reforça rituais de renovação

Virada de ano intensifica reflexões, balanços pessoais e tradições simbólicas que expressam esperança e recomeço

A virada de ano costuma chegar carregada de sentidos que vão além da contagem regressiva, dos fogos e dos abraços à meia-noite. O Réveillon se apresenta como um marco simbólico de encerramento e início de ciclos, um ponto de passagem que convida à pausa, ao balanço do que foi vivido e à projeção do que ainda se deseja construir. É um momento em que o tempo parece ganhar contornos mais claros, como se o calendário oferecesse autorização para revisar escolhas, celebrar conquistas e repensar caminhos.Nesse período, as cidades se transformam, as casas se preparam para receber familiares e amigos, e as pessoas, mesmo sem perceber, entram em um estado mais reflexivo. O fim de um ano costuma despertar memórias, expectativas e sentimentos variados, que convivem de forma intensa em poucas horas. Há quem celebre com entusiasmo e planos detalhados, enquanto outros atravessam a data de maneira mais silenciosa, lidando com ausências, frustrações ou simplesmente com o cansaço acumulado dos últimos meses.

Segundo a psicóloga Maria Beatriz Lago, esse movimento interno é natural e faz parte do significado simbólico atribuído à virada. “Final de ano é, literalmente, o final de um ciclo. A terra completa uma volta em torno do sol e nós, seres humanos, vivenciamos esse fim-recomeço de modo repleto de simbolismos. A entrada de um novo ano é luto, renovação, reflexão”, afirma. Para ela, o período concentra emoções diversas, que coexistem sem hierarquia, como alegria, tristeza, medo e euforia.

A especialista explica que o fim do ano funciona como um marco temporal que estimula o balanço das próprias realizações. Esse exercício, embora importante, pode provocar sentimento de culpa ou frustração quando metas não foram alcançadas. Além disso, as festas de fim de ano costumam vir acompanhadas de uma idealização de felicidade, união familiar e sucesso pessoal, nem sempre compatível com a realidade vivida por muitas pessoas. A comparação com padrões exibidos nas redes sociais também tende a intensificar a sensação de inadequação.

Maria Beatriz Lago observa ainda que a data pode reacender saudades e lembranças de pessoas que já se foram ou que estão distantes. “Luto por aquilo que foi e já não é; renovação pela esperança que renasce no nascer do sol de um novo ano; reflexão acerca do que passou, do que permanece e do que virá”, resume. Para ela, reconhecer esse misto de emoções é um passo importante para atravessar o período com mais consciência e menos cobrança.

Nesse contexto, a psicóloga defende que o Réveillon pode ser um convite a metas mais possíveis e conectadas com o que realmente faz sentido. “É tempo de revisar as promessas que se repetem ano a ano sem se cumprir e estabelecer objetivos e sonhos que tragam real satisfação. Para além da performance e do sucesso, manter vínculos verdadeiros é o que traz plenitude”, destaca. Ela lembra que um plano não concretizado pode se transformar em um novo traçar de rota, desde que haja acolhimento e reflexão.

Rituais de Ano Novo mantêm tradições e renovam esperanças

Passar a virada de ano na praia, vestir branco e pular as sete ondas estão entre os rituais mais praticados réveillon – Foto: Reprodução

Além da dimensão emocional, o Réveillon é marcado por rituais e superstições que atravessam gerações e culturas, como vestir branco, pular sete ondas, comer lentilha, abrir portas e janelas à meia-noite ou escolher cores específicas para a roupa. Comuns no Brasil e em outros países, esses gestos simbolizam desejos de prosperidade, proteção, amor e equilíbrio e funcionam como formas de organizar expectativas, reforçar tradições culturais e dar forma concreta ao recomeço de um novo ciclo.

O auxiliar administrativo Felipe Rodrigues conta que não abre mão de um dos rituais mais populares do Réveillon. “Minha superstição de ano novo, além de vestir roupa branca, sempre é pular as sete ondas. Creio que todo mundo já fez isso algum dia. É uma tradição brasileira com uma mesclagem africana, ligada à Umbanda. Pular as sete ondas significa pedir prosperidade e proteção. A cada onda, você faz um pedido e não vira de costas, sempre segue em frente”, relata.

A arquiteta Cintya Bullé compartilha de um hábito semelhante e destaca o aspecto simbólico e sensorial do ritual. “Sempre que posso, quando estou próxima do mar, tento pular as sete ondas.

A cada onda, a gente mentaliza, agradece ou faz um pedido. A água salgada tem esse papel de limpar as energias negativas do ano que passou, enquanto o movimento das ondas impulsiona a energia para o futuro”, afirma. Para ela, a conexão com a natureza torna a experiência ainda mais significativa.

De volta à reflexão emocional, Maria Beatriz Lago avalia que esses rituais ajudam a organizar sentimentos e a criar um estado mental mais positivo. “Conectar-se consigo, com quem se ama e com aquilo que realmente importa é essencial nesse momento. Os rituais funcionam como âncoras simbólicas que ajudam a atravessar a transição de forma mais consciente”, conclui.

A seguir, vídeo de Roberto Carlos com a música JESUS CRISTO, gravado em Jerusalém.

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